Ao alto e avante o/

Jogador Número 1 - A matrix do mundo literário

Nenhum comentário
É engraçado quando começamos uma leitura descompromissada e sem expectativas mas acabamos nos surpreendendo, não? Comecei a ler o livro Jogador Número 1 sem ter lido resenhas ou procurado podcasts, assim, às cegas, e acabei me apaixonando pelo livro. Talvez pelo fato de parecer com a história de um matrix? Talvez por ter milhares de referências aos anos 80 e muitas delas geralmente a coisas nerds? Pode ser, mas Jogador Numero 1, de Ernest Cline, é tudo isso e muito mais.

O Oasis do mundo

Num futuro não muito distante, a humanidade vive numa realidade ferrada: crises de energia, pobreza mundial em níveis altamente elevados, e essas desgraças todas que foram se tornando maiores com o passar dos anos. Apesar de tudo, as pessoas ainda tem um lugar onde podem viver felizes, serem ricas, ficarem famosas e tudo mais, e esse lugar é o MMORPG chamado OASIS. O jogo foi criado por James Halliday,  e é tao abrangente que o dinheiro da vida real pode virar crédito no OASIS e vice-versa. Assim, você pode encomendar pelo jogo uma pizza que lhe sera entregue na vida real. Maravilhoso, não? Acho melhor não entrar em detalhes aqui sobre como as pessoas entram no jogo, pois minhas descrições são horríveis, haha.
Enfim, nesse mesmo futuro onde o povo todo vive no MMO, o criador dele, Halliday, morre. Como o cara era um nerd gordinho e nunca teve uma namorada, não tem herdeiros, e deixou um easter egg dentro do OASIS. Quem encontrasse esse easter egg ficaria com toda a fortuna do cara e tambem seria o manda chuva do game!
Joust, um dos jogos de Atari citados no livro.
Os jogadores comecaram a procurar o easter egg, e como Halliday era viciado nos anos 80, essa época voltou a ser a moda da vez: filmes, jogos, musicas, livros... Enfim, os anos 80 voltaram a ser a bola da vez, e toda e qualquer discussão da cultura pop daquela época sempre tinha um peso, pois poderia influir na busca pelo easter egg. Os jogadores que caçavam essa pista ganharam o apelido de caca-ovos, e tinham rivalidade com uma empresa chamada IOI, que contratava gente para correr atras do easter egg e, quando encontrassem o dito cujo, controlariam o jogo, o tornariam pago e outras coisas que seriam ruins aos jogadores.

O gordinho que salvou o mundo

Fiz esse pequeno resumo apenas para introduzir o leitor no mundo em que se passa o livro. O que mais tenho a acrescentar ao falar do enredo é que o personagem principal é Wade, também conhecido como Parzival. O garoto tem 18 anos e é um típico nerd gordinho que passa muito tempo jogando.
Mas, vou me manter na análise. Realmente, Ernest Cline não poupou referências aos anos 80 no livro. É uma fala sobre Changeman aqui, outra citação a algum filme ali, e por aí vai. Ao contrário do autor de certos livros, Cline coloca muitos detalhes na narrativa, se aprofunda em algumas coisas, e em outras não se aprofunda propositadamente para provocar no leitor uma reação, uma vontade de pesquisar as referências contidas nas linhas da história. Mais do que um apanhado de referências a coisas antigas, Jogador Número 1 é realmente, em alguns momentos, profundo.

Pelo fato da história girar em torno de um nerd gordinho, é lógico que o primeiro pensamento que vem à cabeça é o de que tudo cai do céu pra ele, mas não é bem assim. Wade tem que se esforçar para conseguir as coisas, pois o cara é um pobre ferrado sem dinheiro, e conforme as coisas acontecem ele é obrigado a evoluir como ser humano, deixar de ser alguém anti social e se comunicar com o mundo, tendo que interagir até mesmo com o mundo real e sair daquela matrix em que vive. Provavelmente OASIS não foi escolhido a toa para ser o nome do jogo: num mundo em que a esperança quase não existe, o único lugar que conforta as pessoas e traz esperança é um Oasis, e essa é a metáfora que Cline tenta passar. A mesma que Matrix também passou há muitos anos.

Jogador Número 1 vale a pena? Com certeza. Posso dizer que foi um dos melhores livros que li em muito tempo, e se você, caro leitor, resolver gastar uma grana nele, vai valer cada centavo. O único ponto negativo do livro é referente à versão traduzida, que trás alguns erros (como Dungeon Master virando Mestre Dungeon), mas nada que comprometa a leitura, principalmente se o leitor for um nerd, e provavelmente vai entender o que queria ser passado.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Deixe seu comentário (;