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Full Throttle: Na estrada eu sou invencível, bitch!

Como sou acostumado a visitar com certa frequência sites que tratam sobre games antigos, acabo descobrindo uma pérola ou outra, de vez em quando, e também sempre acabo lendo sobre a chamada Era de Ouro dos Adventures.

Enfim, uma das pérolas que acabei encontrando foi um jogo que é lembrado por muitos: Full Throttle.

Dados técnicos
Lançamento: 30 de Abril de 1995
Desenvolvedora/Publisher: LucasArts Games
Gênero: Adventure/Point 'n' Click
Número de Jogadores: 1



A história de um filme da sessão da tarde

Num futuro muito distante da nossa realidade, um universo pós apocalíptico bem no estilo Mad Max, cheio de áreas desertas e tudo mais, os veículos não tem rodas (eles flutuam!), e a única empresa que ainda fabrica motocicletas, e com pneus, é a Corley Motors, presidida por Malcom Corley.

Acontece que, o vice presidente da Corley Motors, Adrian Ripburger, quer tomar o controle da empresa para si e mudar a atividade dela (ao invés de fabricar motocicletas, ele quer que a empresa fabrique mini vans), mas para tal precisa tirar Malcom do caminho. E como tirar o presidente do caminho sem levantar suspeitas? Fácil: Adrian contrataria uma gangue de motoqueiros para fazer uma apresentação aos investidores durante o que seria um keynote da empresa, e aproveitaria a oportunidade para matar Corley, jogar a culpa em cima dos motoqueiros e de quebra convencer os acionistas de que fabricar motocicletas só causará mais transtorno, assim conseguindo a mudança de foco da empresa.

Ripburger sai então em busca de uma gangue para fazer a apresentação (claro, a gangue não faria parte do esquema, só se apresentaria com as motos), e acaba encontrando os Polecats, liderados pelo nada carismático Ben. O líder dos Polecats não topa fazer a apresentação, mas é surrado e tem sua moto roubada, então Ripburger dá um jeito de mandar os motoqueiros remanescentes até a apresentação, os enganando, fazendo pensar que Ben topou e saiu na frente.

Não precisa ser gênio pra saber o resto, né? Adrian consegue matar Malcom e a culpa cai em cima de Ben, que vai passar praticamente o jogo inteiro tentando provar sua inocência (e se vingar, lógico).

Ok, o roteiro é bem estilo sessão da tarde mesmo, e não é muito profundo (não espere reviravoltas, é tudo bem óbvio), mas o que impressiona é o universo ao redor da trama. Infelizmente, esse universo como um todo é subaproveitado, nem chega a ser explorado direito. Outro ponto triste, é que não exploram direito a personalidade do Ben, transformando ele num protagonista genérico. Certo, ele é o líder de uma gangue de motoqueiros, mas precisava ser tão raso? A melhor parte dele são as frases de efeito, tal qual a famosa "Quando estou na estrada... sou invencível!"

Gráficos e jogabilidade

A jogabilidade nem necessita de muitos comentários: Full Throttle é um belíssimo de um Point 'n' Click tradicional, sem elementos novos em jogabilidade. O que dá uma relativa dor de cabeça são os puzzles, muito criativos por sinal (e alguns com uma dificuldade elevada, haha). Ah sim, quando for jogar na primeira vez, você pode até estranhar, mas o botão ESC não vai abrir o menu, use o botão F1 pra isso ;)

Já os gráficos, esses sim merecem atenção. Pra um jogo de 1995, FT tem gráficos muito bonitos, ainda mais quando se fala num jogo de DOS. A impressão que os gráficos passam, é que aquilo é totalmente um desenho animado, e não um jogo. Um dos poucos pontos negativos: TODOS os personagens falam de olho fechado. Sabe-se lá porque, mas é assim. Só não falam de olho fechado quando a cena exige alguma expressão (como quando o personagem demonstra surpresa ou algo do gênero).

A sonoplastia

Full Throttle conta com uma grande trilha sonora, que não só cumpre bem o seu papel, mas faz isso de forma incrível. As músicas não servem SÓ pra fazer uma ambientação legal, elas combinam muito bem com o tema do jogo e dão aquela emoção a mais na hora certa, um verdadeiro trabalho de gênio.

A dublagem também ficou muito boa, e contou com a presença de pessoas como Mark Hamill, o famoso Luke Skywalker.

Considerações finais

Full Throttle foi um bom jogo na sua época, e hoje seria considerado um jogo com história rasa demais (abraços, Call Of Duty), protagonista genérico e gráficos não tão satisfatórios (apesar de serem no estilo de cartoon, e muito bons para a época, não envelheceram tão bem, se comparados aos de outros jogos da mesma época, como, por exemplo, Yoshi's Island), entre outros pequenos defeitos. O mais interessante, é como esse jogo conseguiu marcar tanta gente e ter muitos fãs e boas avaliações por aí.

Atualmente ele não é nem comercializado, então para ter acesso a ele, você vai precisar de um emulador chamado ScumVM, e também vai ter que baixar o jogo por aí, claro. Vale a pena gastar um tempo com ele? Posso dizer que se você não tem algo melhor do que um Angry Birds pra passar o tempo, vale a pena dar uma chance a Full Throttle, e outra ocasião na qual você gostaria de jogar, é pra agregar conhecimento na sua vida gamística, e só.

Enfim, Full Throttle merece um belíssimo de um 6 como nota geral. Ou seja, não chega a ser espetacular e também não é horrível de ruim. Ah, sim, a parte mais engraçada do jogo são os créditos finais, que tem os agradecimentos mais geniais da história, e vale a pena chegar no final pra vê-los.