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To The Moon

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Vez por outra surge uma obra de arte aqui ou ali e prova que não é só com gráficos da nova engine do momento ou com as ultimas novidades em física e outras coisas que se faz algo realmente interessante.


AVISO: Este post pode conter spoilers, só leia completo se já tiver terminado o jogo.


Por vezes algo tomado como 'simples' pode ser surpreendente, um jogo que talvez seja mais uma história um pouco interativa, considerado como obra de arte por alguns. Afinal, quais são os mistérios e o que faz de To The Moon um sucesso de críticas mesmo sendo  'simples'? É isso que tentamos desvendar.


Antes de falar do enredo e tantas outras coisas de To The Moon, vou lembrar de que é o primeiro jogo comercial feito pela Freebird Games (mais especificamente por Kan Gao), e foi lançado em novembro de 2011, pode ser comprado pelo site oficial por cerca de R$ 23.


No início do jogo somos apresentados à Eva Rosalene e Neil Watts, dois cientistas que trabalham para uma corporação que realiza os sonhos das pessoas. Mas (e geralmente sempre tem um 'mas'), os clientes dessa empresa em geral são pessoas em estado terminal. Não é uma coisa simples de se contar em um post, mas funciona de uma forma parecida com as inserções do filme A Origem: há uma máquina em To The Moon que permite aos cientistas entrar na cabeça do paciente e reorganizar as memórias desde como maneira de fazê-lo acreditar que já tenha realizado o seu sonho ou conquistado determinado objetivo.
Exemplificando, vamos supôr que Joãozinho está morrendo e seu sonho era ter sido um jogador de futebol famoso. Os cientistas usam a máquina, entram na cabeça de Joãozinho, vão mexendo e organizando suas memórias para fazer com que pense que foi um jogador de futebol famoso.


Aí está um dos grandes motivos dos clientes dessa empresa serem em sua maioria pessoas no estado terminal. Já imaginou que choque de realidade Joãozinho não sofreria se em suas memórias ele fosse um jogador de futebol famoso e rico mas ao acordar a realidade fosse a de um trabalhador simples e que não foi bem sucedido? Seria um caos, realmente! Provavelmente esse conflito faria o paciente querer morrer, e é esse o maior motivo de todos para que Eva e Neil façam seus trabalhos apenas quando os pacientes estão em fase terminal. Talvez por serem profissionais que trabalhem com algo que pode, literalmente, mudar a vida de seus pacientes e também as suas, é que eles tentam levar tudo no bom humor, o que proporciona algumas gargalhadas durante o jogo.


O paciente da vez é Johnny Wyles, e seu maior sonho sempre foi o de ir à lua. No começo não temos muitas informações sobre quem é Johnny e o motivo dele querer ir para a lua. Com o desenrolar da trama, vamos conhecendo a história do paciente já velho e vendo suas motivações. Para viajar no passado do paciente é necessário colher objetos e combiná-los para que eles criem links para o passado e você possa ir mais e mais fundo. Com o passar do tempo, somos apresentados à River, que, em minha opinião fecal, é uma das melhores personagens femininas de todos os tempos da história dos games. River sofre da Síndrome de Asperger, e por algum motivo que você tem que jogar pra saber, é muito importante na história de Johnny.

Alguns trechos vão mostrar a infância do rapaz e seu relacionamento com River, e ainda é possível chegar ainda mais longe. Quando se chega à parte mais profunda das lembranças de Johnny, vemos o que causou o seu desejo de ir até a lua, e é praticamente aí que as lágrimas caem (se ainda não caíram durante alguma outra passagem do game). Há horas em que o personagem principal parecerá frio e sem coração, mas (e pode parecer um clichê essa frase) tudo pode ser compreendido no final, que é realmente de se arrancar lágrimas. 
Os diálogos são muito bem escritos e tem um peso imenso no que tange ao psicológico, tanto dos personagens quanto do jogador. Os gráficos então nem se fala: são tão primorosos quanto os diálogos. A qualidade de iluminação e construção dos mapas é algo raramente visto no RPG Maker, o que me leva ao próximo ponto da análise: a trilha sonora.

A trilha sonora obviamente foi bem trabalhada e construída para deixar o clima o melhor possível. Objetivo certamente atingido. O maior problema do jogo é justamente a jogabilidade, demasiado simples. Os puzzles com mouse são até bem construídos e a jogabilidade do game inteiro pode fazer parecer um point 'n' click. Mas, ao usar o mouse como sistema principal quebra uma das limitações da própria engine que foi utilizada e faz pensar que o RPG Maker pode ir até muito mais além do que já foi mostrado. 
No fim das contas, To The Moon é uma ótima experiência. O jogo tem aproximadamente cinco horas de duração, que passam muito rápido. O fator replay é que você pode escolher tanto Neil quanto a Eva, e muda um pouco a experiência que se pode ter. O game também deixa comprovado que é possível fazer algo extremamente bonito e profundo no RPG Maker, basta querer e ter dedicação suficiente. Recomendo a muitos que acham que estão fazendo o jogo perfeito e que vão talvez quebrar a cara ao ver a expressividade dos sprites de To The Moon, o que faz lembrar da expressividade dos sprites dos Final Fantasy de Super Nintendo. 

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