O primeiro ponto e principal, que devemos usar de base, e bem óbvio: video game é algo
interativo. Tá, mas isso aí pode não resolver muita coisa de início, só que já serve para analisarmos a situação. Num game você controla as ações, os caminhos
que toma, os lugares que explora, tudo isso e muito mais, apesar de que ultimamente alguns jogos tem tomado um caminho contrário parecendo mais filmes do que qualquer outra coisa. Enfim, a interatividade te abre uma absurda gama
de opções que outras midias provavelmente não poderiam.
Vamos pegar como
exemplo Skyrim, um dos maiores jogos dessa geração (literalmente) e que tem
mais opções de exploração. Claro que em Skyrim você tem todo um plot principal
do Dragonborn e tudo mais, só que o mundo é tão vasto que se o jogador quiser
ir para os confins do mundo, entrar em alguma biblioteca e quiser saber mais
sobre as lendas do lugar, ele pode fazer isso. Além do que, o jogador pode
criar um personagem personalizado, o que aumenta a imersão. Às vezes você está indo cumprir alguma parte da quest principal e surge um velho querendo um favor
ou até mesmo tu sentes a necessidade de aumentar uma skill para prosseguir,
então para, analisa suas possibilidades e gasta um longo tempo fazendo isso, o
que, querendo ou não, já aumenta sua
experiência em muitos níveis e te faz sentir parte do universo. E como se trata
de um jogo, logicamente muitos recursos gráficos e sonoros podem ser usados
para causar certas impressões que vão contribuir com o andar da história. E, óbvio, Skyrim pode durar quantas horas tu quiser que dure, sua experiência
nunca será exatamente igual a de outro jogador, e infindáveis histórias poderão
ser contadas.
Mas e se Skyrim
fosse um filme? A primeira coisa que se perderia seria a interatividade. Não
importa o quanto você grite, esperneie, chore ou rateie, nenhuma decisão tomada
pelo protagonista do filme poderá ser mudada, e geralmente acontecem burradas e
mais burradas (porque protagonistas de filme seguem sempre a pior lógica de
todas e nunca param para analisar uma situação), coisa que no game não acontece
porque o jogador tem o poder da decisão e geralmente pega o melhor caminho.
Depois, muita parte da história seria perdida.
Na mídia do cinema
os filmes mais longos tendem a ter de duas a duas horas e meia de duração, e
quando chegam a esse tempo os espectadores estão extremamente esgotados e
querem ir embora dormir, ou fazer algo mais agradável, e isso acaba por abrir
várias pontas que podem ser exploradas
mas que nunca serão, e se forem provavelmente vão ser exploradas aos
poucos nos próximos três ou quatro filmes. E o protagonista teria que se focar
só na história principal.
Certo, os
leitores nesse momento devem querer questionar "Mas num jogo também não abrem brechas que nunca serão exploradas?" Ai é que entra o X da questão,
pois geralmente os produtores de jogos que abrem janelas a serem exploradas, o
fazem (quase sempre) de propósito para uma possível continuação, tanto que
raramente um jogo deixa pontas soltas (principalmente se for de mundo aberto,
onde o jogador pode explorar tudo o que quiser). Um outro leitor pode tentar
argumentar que um game também pode se focar só na história principal e não dar
lado algum para explorar culturas de um ou vários mundos e etc. Realmente, em
jogos como Final Fantasy (que é extremamente linear), o gamer segue uma linha
reta na história que é praticamente inalterável, mas nada impede que ele compre
itens, armas, acessórios e deixe o arsenal dos personagens do jeito que quiser,
e esse ponto conta muito a favor desse tipo de jogo, além de que um Final
Fantasy tem em média 40 (ou mais) horas de duração, e tem muita coisa dentro da
história que e de cair o queixo.
No mais, talvez
não seja algo muito inteligente adaptar jogos para filmes, pois uma transição
de mídia dessas faz com que muitas perdas aconteçam, e geralmente surgem
grandíssissimos fails. Como aconteceu com os filmes de Mortal Kombat: ninguém
liga se os jogos tem um plot genérico, ta todo mundo ali pra ver fatalities,
combos e provocações até mesmo entre os jogadores, mas o enredo dos filmes era
generico demais!
Mesma coisa com o filme
de Street Fighter, que se obrigou a focar em um personagem só e foi galhofa
demais (isso mesmo saindo na epoca que o jogo ainda era 2D!!!!).
E o que
podemos falar dos filmes de Resident Evil? São bons filmes, se você excluir o
nome Resident Evil. Não são totalmente fiéis a história, acontecem adaptações
que por vezes decepcionam e tudo mais, o que não vale o investimento. É possível que um dia saia uma adaptação de jogo decente para o cinema? Sim, decente sim,
mas excelente, não. Há uma grande diferença entre assistir uma cena em que outra
pessoa age e ser o agente ativo de uma cena, tomar uma decisão importante,
marcar o mundo e ver através de seus próprios olhos.
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