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Porque filmes de jogos não dão certo

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Essa sim é uma questão que muitos gamers se fazem diariamente, e talvez nunca deixarão de fazer. Lembro que há algumas semanas tive uma discussão pseudo-filosófica sobre isso enquanto tomava um copo de Pepsi (porque Coca Cola é para os fracos e Starbucks é para os hipsters), e aí surgiu um ponto muito interessante sobre a transição de midias. Porque um jogo de Resident Evil é bem aceito e um filme possivelmente não seria? Porque uma transição de Assassin's Creed para livro é boa mas para o cinema seria ruim? Tudo isso parte de um único ponto que pode explicar todo o resto.





O primeiro ponto e principal, que devemos usar de base, e bem óbvio: video game é algo interativo. Tá, mas isso aí pode não resolver muita coisa de início, só que já serve para analisarmos a situação. Num game você controla as ações, os caminhos que toma, os lugares que explora, tudo isso e muito mais, apesar de que ultimamente alguns jogos tem tomado um caminho contrário parecendo mais filmes do que qualquer outra coisa. Enfim, a interatividade te abre uma absurda gama de opções que outras midias provavelmente não poderiam.

Vamos pegar como exemplo Skyrim, um dos maiores jogos dessa geração (literalmente) e que tem mais opções de exploração. Claro que em Skyrim você tem todo um plot principal do Dragonborn e tudo mais, só que o mundo é tão vasto que se o jogador quiser ir para os confins do mundo, entrar em alguma biblioteca e quiser saber mais sobre as lendas do lugar, ele pode fazer isso. Além do que, o jogador pode criar um personagem personalizado, o que aumenta a imersão. Às vezes você está indo cumprir alguma parte da quest principal e surge um velho querendo um favor ou até mesmo tu sentes a necessidade de aumentar uma skill para prosseguir, então para, analisa suas possibilidades e gasta um longo tempo fazendo isso, o que, querendo ou não,  já aumenta sua experiência em muitos níveis e te faz sentir parte do universo. E como se trata de um jogo, logicamente muitos recursos gráficos e sonoros podem ser usados para causar certas impressões que vão contribuir com o andar da história. E, óbvio, Skyrim pode durar quantas horas tu quiser que dure, sua experiência nunca será exatamente igual a de outro jogador, e infindáveis histórias poderão ser contadas.


Mas e se Skyrim fosse um filme? A primeira coisa que se perderia seria a interatividade. Não importa o quanto você grite, esperneie, chore ou rateie, nenhuma decisão tomada pelo protagonista do filme poderá ser mudada, e geralmente acontecem burradas e mais burradas (porque protagonistas de filme seguem sempre a pior lógica de todas e nunca param para analisar uma situação), coisa que no game não acontece porque o jogador tem o poder da decisão e geralmente pega o melhor caminho. Depois, muita parte da história seria perdida.

Na mídia do cinema os filmes mais longos tendem a ter de duas a duas horas e meia de duração, e quando chegam a esse tempo os espectadores estão extremamente esgotados e querem ir embora dormir, ou fazer algo mais agradável, e isso acaba por abrir várias pontas que podem ser exploradas  mas que nunca serão, e se forem provavelmente vão ser exploradas aos poucos nos próximos três ou quatro filmes. E o protagonista teria que se focar só na história principal.

Certo, os leitores nesse momento devem querer questionar "Mas num jogo também não abrem brechas que nunca serão exploradas?" Ai é que entra o X da questão, pois geralmente os produtores de jogos que abrem janelas a serem exploradas, o fazem (quase sempre) de propósito para uma possível continuação, tanto que raramente um jogo deixa pontas soltas (principalmente se for de mundo aberto, onde o jogador pode explorar tudo o que quiser). Um outro leitor pode tentar argumentar que um game também pode se focar só na história principal e não dar lado algum para explorar culturas de um ou vários mundos e etc. Realmente, em jogos como Final Fantasy (que é extremamente linear), o gamer segue uma linha reta na história que é praticamente inalterável, mas nada impede que ele compre itens, armas, acessórios e deixe o arsenal dos personagens do jeito que quiser, e esse ponto conta muito a favor desse tipo de jogo, além de que um Final Fantasy tem em média 40 (ou mais) horas de duração, e tem muita coisa dentro da história que e de cair o queixo.

No mais, talvez não seja algo muito inteligente adaptar jogos para filmes, pois uma transição de mídia dessas faz com que muitas perdas aconteçam, e geralmente surgem grandíssissimos fails. Como aconteceu com os filmes de Mortal Kombat: ninguém liga se os jogos tem um plot genérico, ta todo mundo ali pra ver fatalities, combos e provocações até mesmo entre os jogadores, mas o enredo dos filmes era generico demais!  


Mesma coisa com o filme de Street Fighter, que se obrigou a focar em um personagem só e foi galhofa demais (isso mesmo saindo na epoca que o jogo ainda era 2D!!!!).

                                    
E o que podemos falar dos filmes de Resident Evil? São bons filmes, se você excluir o nome Resident Evil. Não são totalmente fiéis a história, acontecem adaptações que por vezes decepcionam e tudo mais, o que não vale o investimento. É possível que um dia saia uma adaptação de jogo decente para o cinema? Sim, decente sim, mas excelente, não. Há uma grande diferença entre assistir uma cena em que outra pessoa age e ser o agente ativo de uma cena, tomar uma decisão importante, marcar o mundo e ver através de seus próprios olhos.

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